A Feira SUB traz uma experiência cultural que proporciona o conhecimento de técnicas variadas de produção impressa e outras linguagens artísticas, além do contato direto entre público e expositor e a venda de seus trabalhos a preços acessíveis. Como parte dessa experiência, a Feira realiza uma programação paralela com várias atividades de formação e experimentação, conversas e exposições artísticas com temas relacionados.
Em uma delas, o designer gráfico Gustavo Piqueira participou de um bate-papo na biblioteca de obras raras da Unicamp (BORA) sobre o “livro objeto”. Conhecido por livros de difícil classificação, nos quais mistura livremente texto, imagem e design, Piqueira já lançou mais de 20 obras, como o “conjunto narrativo de jantar” Lululux (Lote 42), a experiência literária-postal-urbana Valfrido? (Lote 42).
À frente da Casa Rex, Gustavo Piqueira já recebeu mais de 500 prêmios internacionais de design gráfico. Sua vasta área de atuação é reflexo do modo como enxerga o design: como um diálogo. Quanto mais se dialoga, mais rica torna-se a experiência profissional. Como frutos dessa postura, assistimos não apenas seu livre trânsito por todas as áreas do design gráfico, mas também a remoção das habituais fronteiras da profissão, expandindo sua atuação por ilustrações, objetos, tipografia e culminando nos mais de 40 livros de sua autoria já publicados.
Saiba mais sobre a programação da Feira Sub no site feirasub.com.br
Confira entrevista exclusiva concedida por Gustavo Piqueira ao Cultura em 1 Minuto. Veja vídeo da cobertura nas redes sociais do Diário.
Quando olhamos para o mercado editorial e consideramos o livro como artigo de consumo, olhamos os seus livros e pensamos que sua obra não está à “disposição do consumo”, tem identidade e postura que desafiam este “mercado”. Era uma intenção?
Éh… eu vendo pouco ( risos). Os livros na demanda mercadológica, movimentam a atividade econômica, isso é o que forma o que chamamos de mercado. Se pegarmos boa parte dos meus livros, eles não se enquadram de alguma maneira nessas categorias e o que deixa eles meio a margem, não é intencional. Gosto de pensar “O que é que me interessa fazer?” Me interesso por produzir livros que não se enquadram nas categorias mercadológicas e me ajuda a revelar o quanto estas categorias são arbitrárias. Me ajuda a ver que a gente não precisa se ater a elas, e que não precisamos ler um livro ditado por um método ou manual de instruções. Existem possibilidades diversas de relacionarmos texto, imagem e materialidade para além das que a gente conhece, se isso é melhor ou pior é outro assunto.
Como foi que você entrou nesse mercado?
Acho que não entrei, as coisas foram acontecendo naturalmente O livro tem a extensão que me interessa como veículo de expressão, ou seja ele é mais longo que outros veículos. É algo que eu posso fazer, eu mesmo! Juntar texto e imagens, que essencialmente gosto de mexer
Como é fazer um bate-papo como esse propondo outros caminhos numa biblioteca, lugar sagrado dos livros, qual a sensação?
A biblioteca é um lugar tranquilo, a gente se dá bem, gostamos das mesmas coisas. Não é por que muitos consideram a minha produção “um pouco subversiva” que eu não goste do livro, eu pesquiso a história do livro, gosto de livros e acho que são coisas que podem conviver bem sem problema algum.
A Universidade Estadual de Campinas em sua missão de pesquisa, ensino e extensão, vem procurando suprir sua comunidade interna e externa com instrumentos capazes de criar e disseminar o conhecimento. Preocupada com os acervos raros e especiais que possui conseguiu, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), recursos para implantar uma Biblioteca de Obras Raras e Coleções Especiais. A nova biblioteca surgiu da necessidade de se preservar e reunir as obras raras e especiais da Universidade.
Entre as peculiaridades deste acervo estão “TODO!” Acervo de Sérgio Buarque de Holanda e de Antonio Candido. Depois do bate-papo com Gustavo Piqueira, os presentes fizeram uma visita guiada para conhecer toda a estrutura e processo de preservação do acervo até o local onde estão os acervos mais icônicos do prédio.
O prédio, com 3.500 m2, tem quatro pavimentos. O projeto busca dar tratamento adequado dos acervos raros e especiais, assim como a divulgação desses conteúdos, dando maior visibilidade a esses acervos. A visitação é gratuita e aberta e pode ser agendada mediante agendamento prévio.
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